quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 8







Enquanto alguns indivíduos das antigas civilizações criavam feitiços e palavras mágicas na tentativa de curar doenças, provocar chuva em campos secos ou proteger uma aldeia contra a invasão de um inimigo, outros concebiam maldições e outros meios sobrenaturais de infligir dor e azar a seus vizinhos.



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Desvie-se das calçadas bem conhecidas do Beco Diagonal e enverede por uma sombria rua transversal perto do Gringotes e você vai se ver na Travessa do Tranco, reduto de fornecedores de cabeças encolhidas, cordas de enforcado, velas venenosas e outras mer­cadorias macabras. Embora Hagrid se aventure por essas bandas em busca de repelente de lesmas carnívoras, os visitantes dessa região da cidade são, em sua grande maioria, praticantes das Artes das Trevas -ramo da magia dedicado a fazer o mal aos outros, também conhecido como magia negra.
Como todos os demais tipos de magia, a magia negra existe há mi­lhares de anos. Enquanto alguns indivíduos das antigas civilizações cria­vam feitiços e palavras mágicas na tentativa de curar doenças, provocar chuva em campos secos ou proteger uma aldeia contra a invasão de um inimigo, outros concebiam maldições e outros meios sobrenaturais de infligir dor e azar a seus vizinhos. Estes métodos podiam ser usados para se vingar de uma ofensa, para eliminar um competidor nos negócios ou para levar a melhor contra um adversário político. Quando o general romano Germânico morreu, no ano 19 d.C., encontraram-se indícios de que alguém usara magia negra contra ele, na forma de ossos humanos, maldições escritas e pedaços de chumbo (que na época era conhecido como o metal da morte) ocultos embaixo do piso e atrás das paredes do seu quarto de dormir.
Em Hogwarts, os jovens alunos aprendem Defesa contra as Artes das Trevas estudando as travessuras de barretes vermelhos, kappas, lobi­somens e outras criaturas ameaçadoras. Alunos mais maduros aprendem a defender-se das maldições de magos e bruxas más, que usam esses meios ilegais para ganhar controle total sobre os outros, torturar alguém sem sequer encostar um dedo na vítima ou até matar. Muitas outras atividades que têm sido tradicionalmente consideradas Artes das Trevas não fazem parte do currículo de Hogwarts, até onde sabemos. No entan­to correm boatos de que essas coisas podem estar sendo ensinadas em Durmstrang, e é melhor conhecer os truques que um aspirante a mago das trevas pode ter a seu dispor.
Uma das formas de magia negra mais antiga e mais largamente prati­cada é a magia da imagem, na qual se cria um desenho ou um modelo de cera ou barro que, em seguida, é danificado ou destruído de propósito. Um exemplo bem conhecido desse tipo de magia é o vodu. Todo mal infligido ao modelo — também conhecido como efígie — deve igualmente ferir a vítima. Nas antigas Índia, Pérsia, África, Egito e Europa, bonecos feitos de cera eram objetos comuns, pois eram fáceis de criar e podiam ser destruídos por derretimento. Acreditava-se que o derretimento fazia a vítima morrer com alguma doença terrível. Também já foram feitos bonequinhos de barro, madeira ou pano, que depois eram pintados para que ficassem parecidos com a vítima. Outros métodos comuns de dani­ficar um boneco incluíam furá-lo com alfinetes ou facas (acreditava-se que isso levava a pessoa a sentir dores ou adoecer) ou, se o boneco fosse de material extraído de um animal ou de um vegetal, enterrá-lo para que sofresse um processo de decomposição.
Outra forma antiga de magia negra era a necromancia (do grego necros, que significa "cadáver", e mancia, que significa "profecia"), onde se tentava despertar os espíritos dos mortos para praticar adivinhação. Acreditava-se que os mortos, por não estarem mais limitados ao plano terrestre, tinham acesso a informações sobre o presente e o futuro, um conhecimento inacessível aos vivos. A necromancia aparece na Bíblia, era praticada nas antigas Pérsia, Grécia e Roma, e foi novamente popu­lar na Europa durante o Renascimento. Enquanto alguns necromantes tentavam reviver cadáveres (sendo até acusados de tentar mandar esses cadáveres atacarem os vivos), a maioria se contentava apenas em invo­car o espírito de um morto, executando rituais sobre a sepultura, pronunciando encantamentos e traçando palavras e símbolos mágicos no chão. Muitas vezes o necromante se cercava de crânios e de outras ima­gens de morte, vestia uma roupa roubada de um cadáver e concentrava todos os seus pensamentos na morte, enquanto esperava que o espírito surgisse. Quando isso acontecia (qualquer pequeno sinal, como o tremu­lar da chama de uma vela, podia ser visto como indicação da presença do espírito), o necromante fazia suas perguntas. Algumas vezes as per­guntas eram sobre os grandes mistérios da vida, outras vezes sobre o futuro. Podia também ser algo mais banal, como, por exemplo, "onde encontrar um tesouro enterrado". Embora o propósito da necromancia nem sempre fosse fazer mal a alguém, o ato de invocar (e perturbar) a alma dos mortos costuma ser considerado imoral e indigno, merecendo um lugar nas Artes das Trevas.
Certos escritores sugeriram que toda magia é, na verdade, "sem cor". Em outras palavras, uma atividade será considerada como "magia negra" ou "magia branca" de acordo com sua intenção. Por exemplo, derreter um boneco de cera a fim de matar um ditador cruel pode ser visto como magia branca aos olhos do povo oprimido pelo ditador. Aos olhos do próprio ditador, contudo, será magia negra. Outros sugeriram que o conflito entre a magia negra e a magia branca é uma expressão da irremediável natureza dupla do homem — nossa capacidade de fazer o bem, mas também de fazer o mal. Os magos, como todos nós, podem usar seu poder para criar, ajudar os outros e contribuir para o bem do mundo. Ou, como os Comensais da Morte, podem entregar-se a um aspecto da natureza humana completamente diferente — serem egoístas, prepotentes, ávidos de poder e capazes de cometer atrocidades terríveis. Como Dumbledore diz para Harry, o lado em que a gente está não é uma questão de destino, mas sim de escolha.


Protegidos por um círculo mágico, Edward Kely, um necromante do século XVI, e seu ajudante, Paul Waring, conjuram um espírito num cemitério em Lancashire, Inglaterra.


Câmara Secreta, 4





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