quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 16







Das muitas palavras usadas para definir mágico, talvez nenhuma transmita a idéia de poder e domínio sobre o mundo tão bem quanto "bruxo". Mais do que um simples preparador de poções, o bruxo comanda os poderes da natureza.



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Das muitas palavras usadas para definir mágico, talvez nenhuma transmita a idéia de poder e domínio sobre o mundo tão bem quanto "bruxo". Mais do que um simples preparador de poções, o bruxo comanda os poderes da natureza. Ele provoca tempestades, move mon­tanhas, lança raios e transforma bugigangas sem valor em jóias ines­timáveis. Alguns bruxos, pelo menos, são capazes de fazer isso. Há ou­tras versões nas quais os bruxos são descritos como praticantes das Artes das Trevas, magos do mal (como Você-Sabe-Quem) com uma sede infinita de poder e um desejo de prejudicar a espécie humana. Quem tem a razão?
Na verdade, as duas visões estão corretas. Historicamente, a palavra "bruxo" tem sido usada para designar tanto agentes do bem quanto do mal, e a idéia do que é um bruxo e do que ele faz foi mudando com o passar dos séculos. Uma das primeiras e mais conhecidas imagens de bruxo foi desenhada nas paredes de uma caverna no sul da França há mais de 10.000 anos. Conhecido como O Bruxo da Caverna Les Trois Frères, o desenho representa um homem vestindo uma pele de animal e chifres, fazendo uma dança ritual. Antropólogos acreditam que essa imagem re­presenta a forma mais antiga do mágico tribal — o xamã —, que era responsável pela proteção da comunidade, garantia uma boa caçada e controlava o tempo. Esse tipo de bruxo era essencial para o bem-estar da sociedade e, geralmente, era tido na mais alta estima.
Nas antigas civilizações da Babilônia, no entanto, os representantes mais temidos e atacados da magia negra também eram conhecidos como bruxos. Eles se especializavam em rogar pragas, furavam bonecos de cera com alfinetes, recorriam a demônios e tentavam acordar os espíritos dos mortos. É possível que alguns bruxos da Grécia e Roma pré-cristãs te­nham praticado a adivinhação (isso porque a palavra sorcery, que signifi­ca "bruxaria" em inglês, vem do latim sors, que significa "ler a sorte", "pro­fecia" ou "destino"). Contudo, em sua maioria, eram profissionais que lançavam feitiços e preparavam poções, podendo ser contratados para fazer mal aos inimigos.
Durante a Idade Média, o fato de alguém ser considerado um bruxo ou não dependia do resultado da mágica, mais do que das intenções do mágico. Se os resultados fossem benéficos, o praticante era um mago. Se fossem nocivos, era um bruxo. Mas as coisas nem sempre eram tão bem definidas. E se o tipo de mágica usada fosse um encantamento ou poção para curar uma pessoa doente, mas, em vez de melhorar, o paciente ficasse pior? O mágico deveria, então, ser considerado um bruxo? Perguntas desse tipo surgiam com freqüência quando as pessoas acu­sadas de "bruxaria" eram levadas a julgamento.
As acusações de bruxaria podiam ser feitas por um fazendeiro descon­tente com um vizinho, a quem acusava de fazer mal a animais ou crian­ças, ou de causar tempestades ou secas. Com freqüência, essas acusações tinham origem em disputas e surgiam por motivos econômicos ou por vingança. Contudo, se fossem apresentadas provas tradicionais de bruxaria (como uma tábua de maldições ou bonecas de cera), o veredic­to de culpado era o mais provável.
Apesar de a bruxaria ter continuado com conotações negativas, du­rante o Renascimento o termo passou a ser usado de forma positiva den­tro de alguns grupos. Estudiosos e médicos que possuíam os segredos da magia "branca", ou benéfica, eram chamados de bruxos. O mesmo acon­tecia com alquimistas como Nicholas Flamel, que trabalhavam em seus laboratórios para fabricar a Pedra Filosofal, uma substância que trans­formava metais como chumbo, estanho ou mercúrio em ouro. Até mes­mo Alvo Dumbledore coloca "Grande Feiticeiro" entre seus muitos títu­los no papel timbrado de Hogwarts. No uso comum, o termo "bruxo" passou a designar qualquer pessoa que tivesse conhecimento de magia.
A imagem do bruxo como um supermago que pode fazer qualquer coisa ficou popular no mundo inteiro em 1940 com o desenho animado Fantasia, de Walt Disney, no qual há uma adaptação de "O Aprendiz de Feiticeiro". Baseada em uma história escrita por Luciano, autor romano do século II, e que mais tarde foi recontada pelo escritor alemão Goethe, a história nos mostra um aprendiz de mago bastante preguiçoso que, querendo escapar de um trabalho pesado, na ausência de seu mestre, dá vida a uma vassoura e ordena que ela busque água em um riacho. Apesar de o aprendiz estar enganado ao pensar que pode controlar os poderes que invoca (a vassoura não pára de trazer água e a casa fica totalmente inundada), a bruxaria em si é retratada como algo maravilhoso, mesmo que esteja apenas ao alcance de um mágico com grandes poderes.


Pedra Filosofal, 4





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