quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 22







Nas diferentes culturas de todo o mundo, as cobras sempre foram muito respeitadas e associadas não ape­nas ao mal como também à sabedoria, perspicácia e cura.



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Quando os colegas de turma de Harry descobrem que ele consegue falar com cobras, a maioria fica horrorizada e imagina o pior que Harry seja um mago do mal. Afinal de contas, para os bruxos, as cobras são sinônimos do mal. A Marca Negra, símbolo dos Comensais da Morte, mostra uma língua de cobra saindo pela boca de um crânio humano. A Casa Sonserina, que parece abrigar muitos entusiastas das Artes das Trevas, tem como símbolo uma serpente. Além disso, Lord Voldemort é alimentado pelo veneno de sua companheira, a serpente Nagini.
Ainda assim, é provável que tenhamos conhecimento apenas de uma pequena parte da história que cerca as cobras, e não sabemos explicar o que permite a Harry conversar tão facilmente com uma jibóia ou acal­mar uma cobra prestes a dar o bote. Nas diferentes culturas de todo o mundo, as cobras sempre foram muito respeitadas e associadas não ape­nas ao mal como também à sabedoria, perspicácia e cura.
A fascinação do homem por cobras remonta às primeiras pinturas e gravuras que foram preservadas nas rochas e cavernas, muito antes da invenção da escrita. Há mais cultos venerando cobras do que qualquer outro animal. Nas mais diferentes épocas, elas já foram sagradas para os escandinavos da Europa Setentrional, para os astecas da América Central e para as tribos do oeste da África, assim como para os povos do Oriente Médio, da bacia mediterrânea, da China e da Índia. Na Índia, as Nagini são um grupo de seres-cobra retratados como belas mulheres com cabeças de serpente ou então mulheres cobertas por serpentes enroladas. A cobra de Voldemort tem o mesmo nome que esses seres venturosos, que oferecem proteção contra todo tipo de perigo, inclusive contra pi­cadas de cobra.
Mesmo nos lugares onde as cobras são veneradas, contudo, conti­nuam sendo temidas. Serpentes perversas e dissimuladas aparecem em muitos mitos do Egito. No antigo Livro dos Mortos egípcio, a monstruosa serpente Apophis aparece com freqüência como um instrumento do mal, agressiva e traidora. Conhecida como "demônio das trevas", Apophis trava constantemente batalhas com o deus sol, Rá, e cada nascer e pôr-do-sol indicam mais uma derrota sua. Na mitologia escandinava, a ser­pente Nidhogg, também conhecida como Terrível Mordedora, vive ao pé da Arvore da Vida, a qual está sempre roendo, e representa os poderes malignos do universo. A cobra mais abominável da cultura ocidental é a que foi responsável pela expulsão de Adão e Eva dos Jardins do Éden, como foi contado no livro Gênesis, no Antigo Testamento. Em outros episódios da Bíblia, as cobras aparecem freqüentemente como símbolos de perigo e medo, e na cultura judaica e cristã continuam sendo vistas como um símbolo do mal. Os muçulmanos também repudiam as cobras por serem um símbolo da queda do homem.
Mas, apesar dessas associações tão poderosas com o mal, característi­cas nobres foram, com freqüência, atribuídas às cobras nos mitos, no fol­clore e na religião. Os egípcios, que temiam as cobras, consideravam a naja uma fonte de sabedoria suprema. A Deusa-Mãe dos cretenses, protetora dos lares, é representada em moedas acariciando uma cobra. E, em muitas sociedades agrícolas, elas são vistas como símbolos de fertilidade e a chave para boas colheitas. (Por um bom motivo: elas comiam os roedores que, de outra forma, teriam acabado com os grãos.) A cobra também era sím­bolo de cura para os gregos antigos, enrolando-se no cajado de Asclépio, o deus da medicina (ver varinha mágica). Em Roma, elas eram, com fre­qüência, criadas como animais de estimação, e amuletos gravados com sua imagem eram bastante populares. Como muda de pele, a cobra é vincula­da em quase todo o mundo à idéia de renascimento e renovação.
Os dados mais comuns sobre as cobras não são muito conhecidos, talvez porque a maioria de nós tenha tão pouco contato com elas. Por exemplo, quando Harry fala com cobras, ele está se dedicando a uma atividade bastante incomum, já que elas não possuem orelhas e são inca­pazes de ouvir da mesma forma que os humanos e a maioria dos outros animais, apesar de serem muito sensíveis às vibrações causadas pelo som. A grande maioria das cobras é inofensiva. Das 2.700 espécies do mundo, apenas quatrocentas são venenosas, e menos de cinqüenta representam um perigo real para os humanos. Ainda assim, muitas pessoas ficam tão apavoradas com esses répteis geralmente gentis que se sentem zonzas só de ouvir falar deles.
A rapidez, os movimentos silenciosos e a expressão inalterável da cobra fortalecem sua reputação como um ser misterioso e impenetrável. Escorregadias e sinuosas (mas não gosmentas), as cobras aparecem e desaparecem em silêncio, sem avisar. Muitas podem emitir silvos altos, inflar o corpo e exalar um cheiro ruim. E, claro, a capacidade de alguns tipos de cobra de matar com um veneno fatal ou com um aperto sufo­cante faz com que as pessoas tenham um bom motivo para evitá-las.
Como tantas pessoas têm pavor de cobra, é natural que elas sejam usadas para guardar lugares importantes, tais como cavernas cheias de tesouros, fontes da juventude e a Câmara Secreta de Hogwarts. Isso também explica por que milhares de pessoas comuns em todo o mundo criam, como bichos de estimação, diversos tipos de cobras, tanto as inofensivas quanto as mortais. Não se sabe se a lenda inglesa que diz que uma pele de cobra dentro da casa impede que outros répteis entrem funciona de fato. Mas uma cobra viva na sala de estar é, com certeza, uma ótima maneira de afastar visitas indesejadas.


A célebre forma circular da cobra com a cauda na boca, chamada de ouroboros, representa os aspectos positivos associados à cobra na maioria das sociedades primitivas. Dizem que ela simboliza o eterno ciclo de vida, morte e renascimento.


Pedra Filosofal, 2





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