sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 33







Muitos de nós estamos familiarizados com as fadas por causa das histórias infan­tis modernas, onde elas aparecem, em geral, como criaturas minúsculas e bem-humoradas, de coração generoso. Porém, séculos atrás, a crença nas fadas englobava uma larga variedade de seres pequenos e grandes, malvados e bondosos, assustadores e engraçados, lindos e feios - desde o mortífero barrete vermelho das regiões fronteiriças da Escócia até a bondosa fada-madrinha da Cinderela.



 PARA CONTINUAR LENDO 
 CLIQUE EM MAIS INFORMAÇÕES: 





Os diabretes que correm alvoroçados na aula de Gilderoy Lockhart, os leprechauns que fazem chover ouro sobre o campo de Quadribol e os elfos domésticos que trabalham na cozinha de Hogwarts pertencem, todos eles, a uma família mais ampla conhecida como fadas. Denominadas freqüentemente "povo miúdo", 'povo pequenino", "povo do hem" ou "bons vizinhos", as fadas formam uma vasta comunidade internacional de seres imortais e sobrenaturais que muito raramente são vistos pelos humanos. Embora mais conhecidas através das lendas ingle­sas, essas criaturas mágicas ocupam uma posição de destaque no folclore de países do mundo inteiro, desde a Suécia até o Irã e a China. Muitos de nós estamos familiarizados com as fadas por causa das histórias infan­tis modernas, onde elas aparecem, em geral, como criaturas minúsculas e bem-humoradas, de coração generoso. Porém, séculos atrás, a crença nas fadas englobava uma larga variedade de seres pequenos e grandes, malvados e bondosos, assustadores e engraçados, lindos e feios - desde o mortífero barrete vermelho das regiões fronteiriças da Escócia até a bondosa fada-madrinha da Cinderela.
A palavra "fada" deriva do latim jata, ou seja, fado, que se refere aos Fados da mitologia. São três mulheres que tecem os fios da vida e contro­lam o destino de todas as pessoas, desde o nascimento até a morte. Assim como acontece com os Fados, acreditava-se que as fadas interferiam ativa­mente na vida dos mortais, ajudando-os quando tinham vontade, mas tam­bém lhes causando dor e infelicidade. Na Idade Média, as fadas levavam a culpa por um grande número de doenças, desde erupções na pele até tuberculose. Machucados, câimbras e dores reumáticas eram atribuídos aos beliscões dos dedos de fadas zangadas e invisíveis. Dizia-se que as vítimas de ataque do coração, paralisia ou enfermi­dades misteriosas tinham sido "alvejadas por elfos", como se tivessem sido feridas pela flecha invisível de um elfo. As mães sabiam que nunca deveriam deixar seus recém-nascidos fora de vista, sob o risco de uma fada roubar o bebê e deixar no lugar uma criança falsa e doentia, conhecida como criança trocada.


Em meados do século XVI, o medo das fadas tinha sido substituído pelo medo das bruxas. As fa­das ainda podiam ser criaturas brincalhonas e travessas, como o hinky-punk, mas, a partir de então, eram geralmente vistas como criaturas imaginativas, bondosas e amantes da diversão, que simpatizavam com os humanos. A tradição das fadas, vasta e diversificada, refere-se a reinos nas florestas habitados por criaturas minúsculas, vestidas com tecidos de primorosos tons de azul, verde e dourado. Embora costumem ter a aparência de seres humanos lindíssimos, as fadas podem mudar de forma para assumir o aspecto de animais ou se tornar invisíveis quando dese­jam. Grandes amantes da música, elas dançam ao redor de cogumelos, ao luar, ao som de flautinhas e harpas minúsculas. Diversas canções fol­clóricas escocesas são consideradas cantigas de fadas, ensinadas a gaitis­tas mortais atraídos até o Reino das Fadas pelas lindas melodias. Os humanos seduzidos a entrar num reino de fadas em geral se sentem per­didos no tempo, de modo que, quando retornam, descobrem que muitos anos se passaram num piscar de olhos. Mas os mortais que partem resolvidos a encontrar o Reino das Fadas raramente o conseguem, pois, segundo a lenda, o Reino das Fadas só pode ser achado por acaso.
Nem todas as fadas são adeptas de uma vida idílica e ociosa. Muitos contos folclóricos falam de fadas domésticas — brownies, diabretes e alguns elfos — que preferem viver com os humanos e ficam contentes ao ajudá-los nos afazeres domésticos, em troca de uma tigela de coalhada, à noite, ou de uma fatia de bolo. Aqueles que convivem com as fadas devem conhecer bem suas regras de etiqueta, pois elas se ofendem com facilidade. Se a pessoa não mantiver a lareira limpa ou se tentar pagar às fadas pelos seus serviços, elas podem expressar seu descontentamento tombando latas de lixo, quebrando pratos ou fazendo a vaca parar de dar leite. Mas o melhor é fazer vista grossa para esses acessos de mau humor, pois hoje, assim como no passado, é difícil encontrar alguém para nos ajudar com as tarefas domésticas.


Prisioneiro de Azkaban, 10



A fada do dente

Hoje não existe fada mais conhecida ou amada do que a Fada do Dente. Nos Estados Unidos e em parte da Grã-Bretanha, Canadá e Espanha, acredita-se que ela vem à noite, deixa dinheiro ou pequenos presentes em troca de "dentes de leite", colocados embaixo do travesseiro de uma criança.
Embora os contos sobre a Fada do Dente circulem desde o início do século XX (e ninguém sabe exatamente onde isso começou), a associação entre dentes e presentes é muito antiga. Mais de mil anos atrás, os vikings davam a seus filhos uma "gratificação pelo dente" - um presente qualquer — quando o seu primeiro dente nascia. Um antecessor mais recente da Fada do Dente foi o Rato do Dente, criatura ado­rada pelas crianças do século XIX, que punham seus dentes em tocas de rato, embaixo do armário da cozinha ou em qualquer lugar onde um rato pudesse encontrá-los. Essas crianças felizardas não só ganhavam doces ou moedas do Rato do Dente como, segundo a lenda, os seus dentes novos ficavam tão afiados quanto os dentes do ratinho!



Se após lerem o subcapítulo abaixo, e rirem até cair da cadeira como eu com aquelas duas menininhas pilantras, deixem um comentário.



As fadas de Cottingley

Em julho de 1918, duas meninas em Cottingley, zona rural da Inglaterra, tiraram o que parecia ser a primeira fotografia de fadas autênticas. A foto, tirada por Elsie Wright, de seis anos de idade, mostrava sua prima, Frances Griffiths, sentada na floresta com diversas pessoas minúscu­las e aladas voando à sua volta. O pai de Elsie, que revelou o filme, não acreditava em fadas e disse isso às meninas, insinuando delicadamente que elas haviam montado a cena. Mas as meninas insistiram que tinham visto fadas na mata muitas vezes. Um mês depois tiraram uma outra foto, dessa vez de Elsie posando ao lado de um gnomo.
O pai de Elsie continuou cético, mas a mãe dela falou a respeito da foto com amigas interessadas pelo sobrenatural. A partir daí a história se espalhou rapidamente, chamando por fim a atenção de um dos escritores mais famosos da época — Sir Arthur Conan Doyle, criador do célebre detetive Sherlock Holmes. Fascinado com a possibilidade de que as fadas fossem reais, Doyle e outras pessoas interessadas consul­taram diversos especialistas a fim de verificar se as fotografias tinham sido forjadas. Embora alguns tenham comentado que os penteados das fadas pareciam estar absolutamente de acor­do com a moda da época, ninguém conseguiu apresentar provas conclusivas de que fosse uma fraude. Em dezembro de 1919, Doyle publicou um artigo na revista Strand, intitulado "Fadas Fotografadas — Um Acontecimento que Inaugura uma Nova Era", que provocou um imenso entusiasmo entre os crentes, assim como uma condenação brutal dos céticos. E em 1920 puseram mais lenha na fogueira, quando as meni­nas tiraram mais três fotografias de fadas.
A discussão sobre a autenticidade das fadas de Cottingley prosseguiu feroz durante várias décadas. Por fim, no início da década de 1980, Elsie e Frances admitiram que as fotos eram uma brincadeira. Fizeram as fadas de papel e usaram alfinetes de chapéu para fixá-las nos galhos das árvores ou no solo. Frances lembrou-se de ter ficado chocada ao ver como algumas pessoas acreditavam nas suas histórias. Afinal, sublinhou ela, os alfinetes estavam bem visíveis em algumas fotos — mas, ainda assim, ninguém os notou.


Frances Griffiths e suas amiguinhas fadas, fotografadas por sua prima Elsie Wright em 1948. Só na década de 1980 as primas admitiram que se tratava de uma brincadeira.


Círculos de fadas

Há muito se diz que as fadas deixam vestígios de suas fes­tanças noturnas. Segundo o folclore inglês, quando as fadas dançam sob as estrelas, o local, ao amanhecer, terá a marca de um círculo verde luminoso, ou de grama amassada, chamado "círculo de fadas". Quando a pessoa entra no cen­tro de um círculo de fadas, numa noite de lua cheia, e faz um desejo, esse desejo irá se realizar.
Mas cuidado para não pisar num círculo de fadas quando elas ainda estiverem por perto festejando! Qualquer ser hu­mano que fizer isso será obrigado a dançar até a exaustão. O único meio de fugir é ser salvo por um amigo que, mantendo um pé apoiado bem firme fora do círculo, estenda o braço para dentro do círculo de fadas e puxe o prisioneiro para fora.


Círculos misteriosos de grama descolorida de fato exis­tem em toda a Europa e na América do Norte, surgindo muitas vezes após chuvas fortes. Seu diâmetro pode variar de poucos centímetros até sessenta metros. Mas os cientistas insistem que eles são causados por um tipo de fungo chama­do Basidomycetes e não por fadas.






POSTADO POR:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, lembre-se, NÃO DEIXE SPOILERS nos comentários. Ajude a manter o suspense daqueles que ainda não leram os livros ou viram os filmes. Os comentários com Spoilers estarão sujeito à exclusão.