O tipo mais antigo de mágico histórico é o feiticeiro tribal, também
conhecido como curandeiro ou xamã. Os xamãs foram os primeiros médicos,
sacerdotes e especialistas no sobrenatural. Seus métodos remontam a pelo menos
30.000 anos e ainda (...)
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¯ O XAMÃ ¯
O tipo mais antigo de mágico
histórico é o feiticeiro tribal, também conhecido como curandeiro ou xamã. Os
xamãs foram os primeiros médicos, sacerdotes e especialistas no sobrenatural.
Seus métodos remontam a pelo menos 30.000 anos e ainda hoje sobrevivem em
certas culturas. Em muitas sociedades tribais, o xamã ocupava uma posição de
poder e prestígio, só superada pelo chefe da tribo. Tinham muitas
responsabilidades, como, por exemplo: a cura e a adivinhação; a comunicação
com o mundo dos espíritos; a garantia do suprimento de comida através de magia
que ajudasse na caça, na pesca e na fertilidade das colheitas; encontrar
pessoas e objetos perdidos; localizar e identificar ladrões; proteger a aldeia
e derrotar seus inimigos. Os xamãs faziam amuletos e talismãs, executavam
rituais, lançavam feitiços e conheciam as propriedades médicas das plantas,
ervas e minerais. Também eram guardiões das tradições e da mitologia da tribo.
Em certas culturas, o xamã
herdava seu posto. Em outras, era indicado por seu antecessor. Às vezes o xamã
era uma pessoa aparentemente comum que recebia um "chamado" para a
função, por meio de um sonho, visão ou mediante alguma experiência fora do
normal. Ele se retirava, então, para a mata, onde vivia isolado, como um animal
selvagem, durante semanas ou meses, enquanto aprendia a controlar seus dons.
Muitas vezes jejuava por longos períodos. De acordo com a tradição, em algum
momento ele teria um sonho ou visão em que receberia instruções de um espírito
animal guardião a respeito do seu futuro, dos seus poderes e do seu papel na
comunidade. Depois disso voltaria para a sociedade e começaria sua nova vida.
Dizia-se que a maior parte dos poderes do
xamã
provinha do reino invisível dos espíritos dos ancestrais e dos animais, com o
qual ele entrava em contato quando ficava em transe. As cerimônias
xamanísticas faziam parte da vida tribal e compreendiam cantos, danças e
tambores, dos quais a comunidade participava e durante os quais o próprio xamã
costumava dançar num frenesi. Acreditava-se que ele deixava o próprio corpo,
comunicava-se com seus espíritos-guias e voltava com informações preciosas. Conforme a cultura, o xamã
podia vestir peles de animais cerimoniais, pôr uma máscara ou um par de
chifres, pintar o rosto e o corpo, ou envolver-se em um manto de penas, que
simbolizava o seu "vôo" para um outro mundo.
Em muitas culturas, os rituais xamanísticos
eram acompanhados por exibições de poderes sobrenaturais, em geral executadas
por meio de truques. Usando a destreza das mãos e outras técnicas secretas, os
mágicos tribais podiam, aparentemente, apunhalar-se sem se ferir, caminhar
sobre o fogo, escapar de cordas presas com nós, engolir facas, comer vidro e
fazer bonequinhas dançarem. Por meio da ventriloquia, eles por vezes travavam
conversas públicas com espíritos invisíveis. Essas exibições certamente
causavam um impacto profundo na platéia e contribuíam para a eficiência
psicológica da medicina xamanística.
O mais interessante é
que o emprego de truques não significava necessariamente que a capacidade do
xamã de curar os doentes era fraudulenta. A maioria dos xamãs acreditava nos
seus poderes, e a comunidade, também. Esse efeito psicológico era uma das
coisas que os tornava eficazes. Claro que sempre ajuda se você puder exibir
algum domínio do sobrenatural, sobretudo em cerimônias importantes.
Embora
o xamanismo possa ser encontrado em muitas partes do mundo, ele esteve ligado,
em sua origem, às culturas siberiana e esquimó. Esta
gravura do século XVIII retrata um xamã do povo tungu, da Sibéria.
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