quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 53 parte 3









Desde os tempos medievais até o século XIX, quase toda cidade e vilarejo europeu tinha o seu mágico residente, cujo papel era semelhante ao do xamã tribal. Conhecido como mago, benzedeira ou rezador, o mágico de aldeia era consultado para cura, adivinhação e todas as outras coisas que levavam os antigos a procurar a ajuda do xamã. Mas, ao con­trário dos xamãs, os(...)



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¯ O REZADOR E A BENZEDEIRA ¯

Desde os tempos medievais até o século XIX, quase toda cidade e vilarejo europeu tinha o seu mágico residente, cujo papel era semelhante ao do xamã tribal. Conhecido como mago, benzedeira ou rezador, o mágico de aldeia era consultado para cura, adivinhação e todas as outras coisas que levavam os antigos a procurar a ajuda do xamã. Mas, ao con­trário dos xamãs, os rezadores e as benzedeiras cumpriam suas atividades em caráter privado e não em cerimônias públicas, típicas da magia tribal. Além disso, embora algumas vezes se vestissem de forma mais excêntri­ca do que os outros aldeões, não vestiam peles de animais, não execu­tavam danças rituais nem entravam em transe. Mas muitos de seus méto­dos eram os mesmos: tinham muitos conhecimentos sobre ervas medici­nais, usavam encantamentos para curar e faziam talismãs, amuletos e poções do amor. Em aldeias menores, os rezadores e as benzedeiras serviam de médicos e até de veterinários. Alguns conheciam rudimentos de astrologia e quiromancia (desconhecidos das culturas tribais antigas), bem como a interpretação de sonhos, que aprendiam em livretos popu­lares. Mas muitos rezadores e benzedeiras eram analfabetos e seu co­nhecimento sobre remédios e poções folclóricas provinha de colegas de profissão, de amigos ou de parentes. Algumas lendas contam que os mágicos de aldeia aprendiam seus segredos com as fadas.
Embora existissem leis contra a prática da magia, a maioria dos rezadores e das benzedeiras trabalhava abertamente. Os serviços que ofereciam tinham muita demanda e, contanto que não fizessem nenhum mal, as autoridades os deixavam em paz. Muitos eram vistos como figu­ras "excêntricas", vivendo isolados, nos arredores da cidade, onde culti­vavam hortas com as ervas usadas para fazer seus medicamentos. Corriam rumores de que suas casas eram repletas de coisas esquisitas, como espelhos mágicos, bolas de cristal ou outros apetrechos ligados à adivinhação. Os rezadores e as benzedeiras eram respeitados, temidos e muitas vezes evitados. Mas quase todos sabiam onde encontrá-los, quan­do tinham necessidade.
Os rezadores também tinham clientela nas maiores cidades européias. Trabalhando de uma forma mais sofisticada do que seus cole­gas do interior, os rezadores das cidades cobravam mais caro e eram con­sultados muitas vezes por aristocratas ricos. Um dos rezadores mais conhecidos de seu tempo foi Simon Forman, que atendia em Londres e viveu de 1552 a 1611. Ao contrário da maioria de seus pares, que tinham medo de deixar provas escritas de suas atividades, muitas vezes ilegais, Forman escreveu diários minuciosos que nos deram muitos detalhes sobre os tipos de assuntos que levavam seus clientes a consultá-lo. Os comerciantes queriam conselhos astrológicos sobre questões de negó­cios. As esposas dos marinheiros indagavam a respeito da segurança de seus maridos. Pessoas distraídas buscavam informação sobre bichos de estimação desaparecidos ou bens roubados. Havia outros que queriam lançar ou desfazer feitiços, e muitos vinham comprar poções de amor, talismãs, amuletos e ervas medicinais. Forman era astrólogo e via o futuro na bola de cristal, mas também se julgava um médico competente. Embora não tivesse recebido treinamento médico, ao que parece ele realizou muitas curas. Isso em uma época na qual a medicina oficial con­siderava como "benéficas" terapias como a sangria que a ciência moderna provou serem nocivas. Apesar da oposição do Instituto Real de Médicos, Forman conseguiu, em 1603, uma autorização da Universidade de Cambridge para exercer a medicina e tornou-se médico de muitos dos cidadãos mais ricos da Londres elisabetana.
Segundo a tradição popular, Forman fez um horóscopo em que previa a hora exata da sua própria morte, ocorrida a 8 de setembro de 1611, enquanto remava no rio Tâmisa. Deixou um patri­mônio estimado em mil e duzentas libras, uma fortuna considerável para um homem daquela época.


Os rezadores de aldeia muitas vezes se vestiam e se comportavam de modo esquisito,
mas sabiam coisas que as pessoas comuns ignoravam.






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