sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 53 parte 4







"Hoje", escreveu um inglês em 1600, "(um homem) não é considera­do intelectual a menos que saiba fazer o horóscopo das pessoas, afugen­tar demônios ou tenha alguma capacidade de predizer o futuro."



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¯ O MÁGICO INTELECTUAL ¯

"Hoje", escreveu um inglês em 1600, "(um homem) não é considera­do intelectual a menos que saiba fazer o horóscopo das pessoas, afugen­tar demônios ou tenha alguma capacidade de predizer o futuro."
Pouco mais de um século antes, a idéia de que um homem culto pudesse se preocupar com as artes tradicionais dos mágicos seria com­pletamente impensável. Mas, no fim do século XV e no século XVI, a magia ganhara uma nova respeitabilidade intelectual. Na Itália renascen­tista, os intelectuais haviam ressuscitado a antiga idéia de que a magia podia ser um meio de alcançar objetivos espirituais e o domínio sobre o mundo natural. Mediante estudos dedicados, esforço de autoconheci­mento e o poder da imaginação, o ser humano podia aprender a usar palavras mágicas, encantamentos e símbolos para controlar as forças ocultas da natureza e conseguir quase qualquer coisa.
Essas idéias logo se expandiram para o norte, onde encontraram um defensor veemente na pessoa de um intelectual alemão inteligente e jovem chamado Cornelius Agrippa. Embora Agrippa atualmente seja mais conhecido como a figurinha dos Sapos de Chocolate que Rony Weasley não conseguiu obter, no seu tempo ele era conhecido como autor de Filosofia Oculta, livro em três volumes, publicado em 1533. Nessa obra, afirmava que toda a natureza — gente, plantas, animais, pedras e minerais — continha propriedades ocultas e poderes que podiam ser descobertos e utilizados. A missão do mágico intelectual, segundo Agrippa, era usar as ferramentas da magia - adivinhação, aritmancia, astrologia, o estudo dos demônios e dos anjos - para desvendar os sen­tidos e as forças ocultas na natureza e usá-las para resolver problemas e curar doenças. No curso dessa pesquisa, afirmava Agrippa, o homem também poderia descobrir aquela parte de si mesmo que estava ligada ao universo em geral e, graças à força da sua imaginação e da sua vontade, poderia obter poderes sobrenaturais.
Para a frustração de seus leitores, Agrippa não explicou exatamente como um mágico poderia concretizar esse potencial, mas isso não impediu que muita gente tentasse. Entre os numerosos seguidores de Agrippa estavam estudantes universitários que tentavam invocar demônios em seus dormitórios, médicos que tentavam controlar as forças ocultas da natureza para curar seus pacientes e homens de ciência ansiosos para desvendar todos os mistérios do universo. O mais famoso deles foi o matemático, astrônomo e astrólogo inglês John Dee, que ga­nhou fama de mágico no início da carreira e acabou preso em 1533, acu­sado de tentar matar a rainha Maria por meio de um encantamento. Dee acreditava poder aprender muitos segredos do mundo por intermédio de anjos e espíritos, com os quais tentava entrar em contato olhando para uma bola de cristal e para um espelho mágico. Embora ele dificilmente recebesse alguma resposta do mundo dos espíritos, Dee tinha uma série de adeptos que afirmavam ser capazes de ver e ouvir os anjos. Porém, apesar de décadas de tentativas, ninguém foi capaz de convencer essas criaturas a revelar os segredos de Deus e do universo, que Dee tentava desesperadamente descobrir.
No entanto, na época em que Dee morreu, em 1608, o interesse por magia estava realmente na moda entre os intelectuais ingleses. Durante boa parte do século XVII promoveram-se debates públicos na Universidade de Oxford sobre temas como o poder dos encantamentos, o emprego da magia para curar doenças e a eficácia das poções de amor. Sem dúvida, muitos jovens intelectuais também se imaginavam mágicos.


Um dos intelectuais mais famosos do Renascimento, Agrippa falava oito idiomas,
era advogado, médico e tinha grandes conhecimentos de filosofia, astrologia e religião.






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