Apesar de seus truques e ilusões, os mágicos de teatro
talvez sejam os mágicos mais "verdadeiros" de todos. Os contadores de
história criam mágicas que saem de sua imaginação para a nossa (o que já é um
truque formidável). Os mágicos de espetáculos aproveitam as (...).
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¯ O MÁGICO DE ESPETÁCULOS ¯
Apesar de seus truques e ilusões,
os mágicos de teatro talvez sejam os mágicos mais "verdadeiros" de
todos. Os contadores de história criam mágicas que saem de sua imaginação para
a nossa (o que já é um truque formidável). Os mágicos de espetáculos aproveitam
as mesmas proezas narradas na ficção e as apresentam para nós ao vivo. Assim
como seus parentes lendários, os mágicos de teatro aparecem e desaparecem,
levitam ou voam, prevêem o futuro, caminham através de paredes, criam coisas do
nada, transformam homens em animais ou senhoras em leopardos. Mágicos de
teatro também lançam feitiços sobre a sua platéia, levando as pessoas a ver
coisas que não existem e a não ver coisas que estão bem na sua frente. Não é surpresa,
então, que, séculos atrás, o público de espetáculos de magia muitas vezes
tivesse a sensação de ter sido enfeitiçado!
Embora a magia de espetáculo
- a arte de criar e apresentar ilusões -possa ser encontrada em várias culturas
no mundo inteiro, os primeiros ilusionistas que conhecemos são os mágicos dos
séculos I e II, na
Grécia e em Roma. O escritor latino Sêneca e os gregos Alcífron e Sexto
Empírico registraram descrições das apresentações a que assistiram — em
especial, do truque conhecido como "copos e bolas", que ainda é apresentado
hoje em dia por mágicos modernos. Executado em geral com três copinhos e três
bolinhas (nada demais até aí), esse truque incorpora muitos dos efeitos mais
espantosos da magia. Sob o exame atento de uma platéia muito próxima - que
podia estar a meio metro de distância - as bolas desaparecem, reaparecem
embaixo dos copos, passam de forma inexplicável de um copo para o outro,
atravessam o topo sólido dos copos e às vezes saem dos narizes e das orelhas
dos espectadores. No final apoteótico, as bolas se transformam em outra coisa -
pedaços de fruta, ou às vezes camundongos ou pintinhos!
Por questões de necessidade, os
primeiros ilusionistas eram bem versáteis. Não haviam sido inventados muitos
truques e por isso, além de apresentar o que hoje chamamos de "truques de
magia", os ilusionistas também faziam acrobacia, malabarismo, apresentavam
teatro de marionetes e exibiam animais amestrados, como cães, macacos ou
ursos. Existiam, em Atenas,
escolas para esses artistas de rua e muitos ficaram famosos graças
à sua capacidade de assombrar e divertir até o público mais sofisticado. Os
cidadãos gregos apreciavam todo tipo de habilidade - artística, atlética,
teatral, musical e retórica - e o ilusionismo não era uma exceção.
A medida que o Império
Romano se expandiu, os mágicos passaram a surgir em cidades e vilas por toda a
Europa. Alguns se apresentavam sozinhos, enquanto outros se uniam a trupes de
acrobatas, malabaristas, videntes, poetas e músicos, e viajavam de cidade em
cidade, entretendo a realeza em castelos feudais e se apresentando para pessoas
comuns em tabernas, estábulos e pátios. Não conhecemos quase nada sobre esses
mágicos, mas sabemos que muita gente, sobretudo do clero, não gostava nem um
pouco deles. Embora esses ilusionistas inofensivos fossem conhecidos na
Inglaterra como malabaristas e a sua arte fosse definida, de forma inocente,
como malabarismo, a Igreja considerava o ilusionismo imoral porque se baseava no engano e na ilusão.
As mesmas técnicas de habilidade manual usadas nos truques de mágica podiam
também ser usadas para trapacear no jogo ou para enganar o público com curas
"milagrosas". Outros temiam os ilusionistas e desconfiavam deles
porque suspeitavam que as ilusões do mágico podiam ter ligação com poderes
sobrenaturais. Como a natureza exata dos métodos de um mágico de rua era
geralmente mantida em segredo, as pessoas que acreditavam em bruxaria e em
demônios — até o fim do século XVII havia muitas — suspeitavam do pior. Além
disso, muitos desses artistas exploravam as crenças das pessoas em mágicas,
recitando encantamentos, brandindo uma varinha mágica, fingindo lançar
feitiços ou invocando poderes sobrenaturais.
Este desenho
de um livro de astrologia alemão, de 1404, contém a imagem mais antiga que se conhece de um mágico
de rua em ação. Seu truque é o clássico "copos e bolas". No alto estão
cinco dos doze signos do zodíaco: Touro, Leão, Câncer (o caranguejo),
Aries (o carneiro) e Capricórnio (o bode).
Durante o século XVIII, o
mágico de espetáculo começou a emergir como uma forma de entretenimento
autônoma, distinto do malabarismo, do teatro de marionetes e de outras artes de
circo. Graças ao novo modo de pensar criado pela revolução científica, os
ilusionistas não eram mais objeto da suspeita de possuírem dons sobrenaturais e
sua posição como artistas da ilusão - ou "mágicos", como passaram a
ser chamados no fim da década de 1780 — ficou mais clara. Os mágicos começaram
a cobrar ingresso para suas apresentações (antes trabalhavam em troca de gorjetas,
ou vendiam pequenos objetos como talismãs da sorte ou tônicos medicinais após o
espetáculo) e se apresentavam com mais freqüência na corte dos reis. Em meados
de 1700, os espetáculos de magia alcançaram o palco dos teatros. Giovanni
Giuseppe Pinetti, considerado um dos primeiros grandes mágicos teatrais,
apresentou-se nos melhores teatros da Europa nas décadas de 1780 e 1790,
apresentando prodígios como tirar a camisa de um homem sem antes ter despido
seu paletó, ler os pensamentos de uma pessoa da platéia e, com uma pistola,
disparar um prego bem no centro de uma carta previamente escolhida, em pleno
ar, cravando-a instantaneamente na parede.
No final do século
XIX e
início do século XX, a magia se caracterizava por duas horas
de ilusões mirabolantes, repletas de maravilhas que deixavam a platéia de olhos
arregalados. Os artistas circulavam pelo globo com toneladas de equipamentos,
cenários e roupas. Harry Houdini, conhecido como um homem capaz de se libertar
de qualquer coisa - inclusive correntes,
algemas e prisões -, tornou-se o ilusionista mais famoso e mais rico
de seu tempo.
Hoje, gente de todo o mundo ainda pára
a fim de observar um artista de rua ou paga caro por um ingresso para assistir
a um espetáculo teatral de ilusionismo. Por quê? Todos sabem que "é só um
truque". Estarão tentando adivinhar os segredos do mágico? Na verdade,
achamos que é justamente o contrário. O que as pessoas querem não são os
segredos - mas os mistérios. A magia mexe com nossa cabeça, vira o mundo de
pernas para o ar, nos enche de assombro e de espanto. Também nos recorda de
algo que a maioria das bruxas e magos já sabem - que o impossível é sempre
possível.
Giovanni
Pinetti foi um dos primeiros grandes mágicos de teatro.
Em um de seus números
mais famosos, uma carta escolhida era devolvida ao baralho. O baralho era então
jogado no ar e a carta escolhida era cravada na parede por um prego disparado de uma
pistola.
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