quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 56







Na Europa há uma tradição que diz que a mandrágora solta um grito quando arran­cada do solo. Todos os que ouvirem este grito morrem. Entretanto, valia a pena correr o risco, porque a planta possui (...).



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Uma planta tem que ser bem rara para obrigar o jardineiro a usar protetores de ouvidos. Apesar da insistência da professora Sprout em pedir que seus alunos de herbologia usem protetores de ouvido pare­cer meio maluca, ela se baseia em séculos de crença popular. Na Europa há uma tradição que diz que a mandrágora solta um grito quando arran­cada do solo. Todos os que ouvirem este grito morrem. Entretanto, valia a pena correr o risco, porque a planta possui vários usos medicinais co­nhecidos e, além disso, acreditava-se que era dotada de propriedades mágicas poderosas.
A parte da mandrágora considerada mais valiosa é a raiz grossa e marrom, que pode chegar a atingir um metro de profundidade. Ela é fre­qüentemente bifurcada e, para qualquer um com um pouco de imagi­nação, parece uma pessoa. Livros com descrições de plantas e ervas geralmente retratam a mandrágora (um membro da família das ervas-mouras) com características humanas — como um homem, com uma longa barba, e como uma mulher, com uma densa cabeleira. A aparência humana era facilmente aumentada talhando a raiz com uma faca. Essa semelhança com seres humanos explica a crença de que a mandrágora gritaria quando arrancada do solo, como uma pessoa tirada repentina­mente de uma cama quentinha.
Mesmo que as pessoas sentissem pena de arrancar mandrágoras, ela era colhida com bastante freqüência e usada para os mais variados obje­tivos. Na antigüidade era considerada analgésico e calmante e, em grande quantidade, causava delírios ou até mesmo loucura. Era usada para dar paz aos que sofriam de dor crônica e também prescrita no trata­mento de convulsões, melancolia e reumatismo. Os romanos usavam a mandrágora como anestésico, dando ao paciente um pedaço da raiz para mastigar antes da cirurgia.
Os povos da antigüidade e seus descendentes da Europa medieval também usavam a mandrágora por suas propriedades mágicas. Era um ingrediente comum nas poções de amor, e diziam que havia sido usada por Circe, a feiticeira mais famosa da mitologia grega, para preparar seus elixires mais poderosos. No folclore dos anglo-saxões, a mandrágora podia expulsar demônios de pessoas possuídas e afastar o mal quando desidratada e usada como amuleto. Por outro lado, algumas lendas diziam que havia demônios viven­do nas raízes de mandrágora. Algumas vezes, possuir uma raiz entalhada podia resultar em uma acusação de bruxaria. Pessoas supersticiosas diziam que as mandrágoras cresciam mais quando plantadas sob a forca de assassinos executados.


Uma representação do século XV de uma mandrágora macho e uma fêmea.

A mandrágora também era usada na adivinhação. Os adivinhos diziam que as raízes parecidas com bonecas respondiam, balançando a cabeça, às perguntas sobre o futuro.  Na Alemanha, os camponeses cuidavam muito bem de suas mandrágoras talhadas, colan­do pedaços de grãos no lugar dos olhos, vestindo-as e colocando-as em pequenas camas durante a noite -tudo para deixá-las prontas e com vontade de respon­der qualquer pergunta importante que surgisse.


Câmara Secreta, 6



PRECAUÇÕES CONTRA A MANDRÁGORA

As histórias sobre o grito fatal da mandrágora eram bas­tante populares na Europa pré-moderna, e as pessoas que que­riam usar sua raiz para a magia ou para a medicina devem ter hesitado, temendo o que aconteceria se arrancassem a planta do solo. Aqueles que estivessem com medo podiam sempre recorrer a um "herbário" - um livro que contém informações sobre as famílias e as propriedades medicinais das plantas. Lá, eles encontrariam a solução para o dilema. A maioria dos autores dava o mesmo conselho: amarre a ponta de uma corda na mandrágora e a outra ponta no pescoço de um cachorro. Depois de se posicionar a uma distância segura, cubra os ouvi­dos e chame o cachorro: ele correrá em sua direção, arran­cando a planta com segurança.







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