segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 58







Algumas vezes é verdade que a roupa faz o homem. Se você duvi­da, pergunte a alguém que tenha um manto da invisibilidade. Esses trajes muito cômodos, que tornam invisível quem o veste (...) vêm ajudando muitos heróis a criar sua fama há centenas de anos...



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Algumas vezes é verdade que a roupa faz o homem. Se você duvi­da, pergunte a alguém que tenha um manto da invisibilidade. Esses trajes muito cômodos, que tornam invisível quem o veste (invisível aos olhos de todos, menos de Olho-Tonto Moody), vêm ajudando muitos heróis a criar sua fama há centenas de anos.
A idéia de peças de vestuário invisíveis remonta à mitologia grega. Hades, o deus grego do mundo subterrâneo dos mortos, possuía um prodigioso "chapéu de trevas", que tornava invisível todo aquele que o usasse. (Não é à toa que Hades significa "o não visto", em grego antigo.) Esse chapéu era muito conveniente para passar a perna nos inimigos e muitas vezes outros personagens mitológicos vinham pegá-lo empresta­do. O jovem príncipe Perseu o usava quando partiu para matar a Medusa, monstro com cabelos em forma de serpentes, e o deus Hermes o usou na batalha contra o gigante Hipólito.
Outras lendas gregas falam de anéis, flechas e até de nuvens de nebli­na que davam a qualquer pessoa a capacidade invejável de perambular sem ser vista. Mas um manto da invisibilidade, propriamente dito, só foi aparecer na Idade Média, no famoso poema austríaco "A canção dos Nibelungos". Nesse épico do século XII, baseado em vários contos da mitologia escandinava, um poderoso anão mágico chamado Alberich possui um manto secreto (ou tarnekappe) capaz de tornar invisível quem o usasse. Sendo uma roupa de poder incomum, ele também dava a seu dono a força de doze homens. Alberich usa o tarnekappe para proteger o tesouro subterrâneo contra os Nibelungos (poderosa estirpe de reis europeus), até ser derrotado, quando seu manto é tomado pelo célebre herói folclórico Siegfried. A história de Alberich e Siegfried também é contada e celebrada na ópera alemã, do século XIX, Der Ring des Nibelungen, de Richard Wagner.
No século XVIII, mantos, capas e capotes da invisibilidade tornaram-se a indumentária-padrão no folclore europeu. Diz-se que o herói popu­lar inglês João Matador de Gigantes usava uma "capa de trevas" que lhe permitia se aproximar furtivamente de seus inimigos, sem ser notado. (Muito preocupado com suas roupas, João também desfilava com um chapéu do conhecimento e sapatos da velocidade em muitas de suas aventuras.) Os mantos da invisibilidade também têm papel de destaque em vários contos de fadas de Grimm, como a história popular "Os Sapa­tos que Dançaram até se Despedaçar". Nesse conto divertido, um solda­do sem dinheiro adquire fama, fortuna e uma noiva da família real usan­do seu manto para enganar doze princesas arruinadas. Apesar de seus ardis mágicos, o soldado quase não consegue evitar a prisão. Tem difi­culdade em manter as mãos e os pés encolhidos e, a certa altura, sua pre­sença invisível em um bote a remos faz com que perguntem: "Por que será que este bote está tão pesado nesta noite?"
Mas é claro que nem todos os mantos da invisibilidade são iguais. Como qualquer peça de vestuário, eles são feitos em vários tamanhos, de vários tecidos e cores. O manto invisível de João Matador de Gigantes é descrito, em geral, como uma "capa velha", ao passo que o manto que Harry herda do pai é feito de um tecido flexível, prateado, que ondula e cintila como água. Alguns mantos da invisibilidade também conferem poderes adicionais, como o manto voador da invisibilidade, que aparece numa continuação de O Mágico de Oz e era capaz de levar seu dono pelos ares, para onde ele desejasse.
Existe, porém, uma característica comum a todos os mantos da invisi­bilidade: permitem aos que o possuem fazer exatamente o que querem, sem medo de julgamento ou represália. Como Harry descobre quando usa seu manto para escapulir de Hogwarts fora do horário normal, o poder da invisibilidade permite que a pessoa crie regras próprias e vá aonde deseja. No passado, a idéia de uma liberdade ilimitada como essa levou o antigo filósofo grego Platão a perguntar a seus discípulos como agiriam se, de repente, ficassem invisíveis. E o que você faria? Mataria monstros terríveis, como fez Perseu? Reinaria sobre um tenebroso mundo subterrâneo dos mortos, como Alberich? Ou iria simplesmente escapulir sem ser visto, para comer apetitosos Black Pepper Imps, como Harry e seus amigos?


Antes de Harry Potter, o mais famoso proprietário de um manto da invisibilidade
foi João Matador de Gigantes, que usa aqui sua veste mágica
para passar furtivamente por dois grifos.


Pedra Filosofal, 12






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