quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 61







O maior medo de Parvati Patil é ter que enfrentar uma múmia, e não podemos culpá-la. Afinal de contas, a imagem que ela tem de uma múmia não é exatamente aquela que vemos deitada tranqüilamente nos sarcófagos dos museus, e sim algo como o que vemos nos filmes de terror: um monstro de passos arrastados que persegue suas vítimas com os braços esticados e faixas que vão se desenrolando enquanto caminha.



 PARA CONTINUAR LENDO 
 CLIQUE EM MAIS INFORMAÇÕES: 





O maior medo de Parvati Patil é ter que enfrentar uma múmia, e não podemos culpá-la. Afinal de contas, a imagem que ela tem de uma múmia não é exatamente aquela que vemos deitada tranqüilamente nos sarcófagos dos museus, e sim algo como o que vemos nos filmes de terror: um monstro de passos arrastados que persegue suas vítimas com os braços esticados e faixas que vão se desenrolando enquanto caminha.
Apesar de "múmia" ser um termo bastante genérico, podendo ser usado para descrever qualquer cadáver preservado por um período de tempo extraordinariamente longo, a imagem mais comum que temos, de múmias enroladas em faixas, foi inspirada na prática de mumificação do Egito antigo. Nessa técnica, todos os fluidos do corpo eram retirados e, depois, o corpo era embalsamado, usando um composto químico espe­cial chamado natrão. Por último, o corpo era enrolado em tecido de linho novo. Entre 3000 a.C. e 200 d.C., os antigos egípcios preservaram milhões de cadáveres de homens e animais dessa forma, sepul­tando-os em pirâmides, túmulos subterrâneos e em complexas cidades dos mortos conhecidas como necrópoles. Eles tinham todo esse trabalho porque acredi­tavam que as almas dos mortos precisavam de um corpo intacto para completar a jornada para o outro mundo.  Também acreditavam que, durante algumas celebrações religiosas, o espírito, ou ka, de uma pessoa morta podia voltar para o corpo de sua múmia e interagir com os vivos novamente.


Apesar de os egípcios terem parado de mumificar seus mortos por volta do século I, as múmias nunca desapareceram da imaginação popu­lar. Durante a Idade Média, pó de múmia moída era um ingrediente muito usado em remédios e poções mágicas. Depois que Napoleão inva­diu o Egito, em 1798, as múmias também passaram a ser muito pro­curadas como curiosidades históricas ou como um objeto para cole­cionadores. O aventureiro italiano Giovanni Belzoni ganhou bastante dinheiro invadindo túmulos do Egito antigo para retirar as múmias e exibi-las pela Europa. Na década de 1830, o amigo de Belzoni, Thomas Pettigrew, começou a vender entradas para cerimônias de "desenrola­mento" de múmias. Esses eventos se tornaram tão populares que houve até mesmo uma vez em que o Arcebispo de Canterbury, na Inglaterra, foi barrado na porta. No final do século XIX era possível comprar uma autêntica múmia egípcia em qualquer casa de leilões, e muitos senhores ingleses refinados guardavam uma ou duas múmias no sótão (pelo que se sabe, sem motivo algum)!
Não demorou muito para que essas atividades extravagantes inspi­rassem as imaginações férteis dos escritores de ficção, que começaram a publicar histórias sobre múmias que eram trazidas de volta à vida. No conto bem-humorado de Edgar Allan Poe, "Conversations with a Mummy" (Conversas com uma múmia), escrito em 1845, um grupo de senhores obcecados com o Egito entra escondido em um museu, tarde da noite, e ressuscita um cadáver egípcio antigo através de eletro-choques. Eles também acabam levando um choque ao descobrir que seu amigo recém-ressuscitado não era o monstro primitivo e inculto que eles esperavam, mas sim um agradável nobre de três mil anos que sabia mais sobre astronomia, engenharia e ciência do que qualquer um dos emi­nentes vitorianos que o despertaram. A única invenção moderna que realmente impressionou essa múmia foi uma pequena bala de hortelã, algo que ela nunca tinha visto antes!
Ê provável que a história mais influente sobre múmias que já foi escrita em língua inglesa seja a obra de Sir Arthur Conan Doyle, de 1892, Lot Number 249 (Lote número 249). Nessa história memorável sobre um egíp­cio antigo que é trazido de volta à vida para cometer assassinatos e causar pânico, Conan Doyle descreve sua múmia como "uma coisa repugnante e asquerosa" que persegue seus inimigos "com olhos flame­jantes e braços esqueléticos estendidos". Essa descrição foi o bastante para inspirar milhares de plagiadores, criando a atual imagem das múmias como sendo monstros.
Hoje, há quase tantos filmes, livros e contos sobre múmias quanto havia múmias de verdade no passado. Mas é melhor não contar isso a Parvati Patil, pois ela já tem muito com que se preocupar lutando com um único monstro.


Prisioneiro de Azkaban, 7






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, lembre-se, NÃO DEIXE SPOILERS nos comentários. Ajude a manter o suspense daqueles que ainda não leram os livros ou viram os filmes. Os comentários com Spoilers estarão sujeito à exclusão.