sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 62







(...) Quando Harry cursa seu primeiro ano em Hogwarts (onde a Pedra está escondida e guardada por feitiços e encan­tamentos), Flamel ainda está vivo e saudável, e mora com sua mulher, Perenelle, em Devon, Inglaterra. Podemos dizer que já é um senhor de idade, pois tem, no livro, 656 anos. Essa é aproximadamente a idade que o Nicholas Flamel histórico teria se estivesse vivo até hoje, pois Flamel existiu e foi de fato um alquimista.



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Nicholas Flamel é mais conhecido pelos fãs de Harry Potter como o alquimista medieval que descobriu a Pedra Filosofal - uma substância milagrosa que podia transformar metais em ouro e produzir um elixir de imortalidade. Quando Harry cursa seu primeiro ano em Hogwarts (onde a Pedra está escondida e guardada por feitiços e encan­tamentos), Flamel ainda está vivo e saudável, e mora com sua mulher, Perenelle, em Devon, Inglaterra. Podemos dizer que já é um senhor de idade, pois tem, no livro, 656 anos.
Essa é aproximadamente a idade que o Nicholas Flamel histórico teria se estivesse vivo até hoje, pois Flamel existiu e foi de fato um alquimista, teve uma mulher chamada Perenelle e, se acreditarmos em seus relatos, descobriu a lendária Pedra em seu laboratório alquímico em 17 de janeiro de 1382.


Muito do que sabemos sobre Flamel nos chegou através de seu livro Heiroglyphica, onde ele conta como se tornou, quase que por acidente, um alquimista. Quando nasceu, em torno de 1330, na pequena cidade de Pontoise, França, a alquimia já era praticada na Europa Ocidental. Com base nas práticas dos antigos gregos e egípcios que trabalhavam com metais, os segredos da alquimia atravessaram o mundo árabe e, por volta de 1200, já estavam disponíveis na Europa, em livros escritos em latim. Esses livros descreviam equipamentos de labo­ratório sofisticados, ingredientes químicos e procedimentos complexos por meio dos quais era possível criar a Pedra Filosofal e adquirir riquezas formidáveis, sem falar na promessa de vida eterna. A alquimia também era considerada uma prática espiritual: com uma atitude humilde e devoção à tarefa, o próprio alquimista podia ser elevado a um estado de pureza e grandeza. Enquanto muitas pessoas tinham uma atitude cética em relação às duas posições, inúmeras outras montaram laboratórios caseiros e dedicaram suas vidas a tentar produzir a Pedra.
Quando jovem, entretanto, Flamel não se interessava particularmente pela alquimia, apesar de ter, com certeza, ouvido falar dela. Ele era bas­tante culto para um homem de sua época, sendo letrado tanto em latim quanto em francês, e, quando chegou a hora de se estabelecer por conta própria, se mudou para Paris e começou a trabalhar como copista, notário e mercador de livros. Muitos dos contemporâneos de Flamel não sabiam ler nem escrever, e quando precisavam registrar alguma negocia­ção procuravam um escrivão profissional. Flamel também copiava livros e manuscritos (a imprensa só seria inventada cem anos mais tarde) e ga­nhava um dinheiro extra dando aulas de caligrafia aos ricos, ensinando-lhes, entre outras coisas, como assinar o próprio nome. Sua primeira loja ficava em um pequeno estande de madeira na rua dos notários, mas, à medida que seu bem-sucedido negócio crescia, ele contratou uma equipe de assistentes, comprou uma casa próxima e mudou sua loja para o primeiro andar. Ele também conheceu e se casou com Perenelle, uma viúva atraente e rica.
Até esse ponto, a vida do jovem escrivão era bastante comum. Mas tudo isso mudou quando um estranho entrou em sua loja e lhe vendeu um livro que mudaria sua vida para sempre. “Caiu em minhas mãos”, escreveu ele, “pelo equivalente a dois florins, um livro dourado, grande e muito velho. Não era feito de papel ou pergaminho, como os outros livros, mas apenas de uma fina casca de árvore. A capa era de cobre, extremamente delicada, e toda gravada com símbolos estranhos.”


Os processos alquímicos geralmente levavam semanas, ou meses, para serem completados. Nicholas Flamel tinha apenas uma assistente, sua mulher Perenelle.

Flamel estudou o livro e acabou se convencendo de que ele continha o segredo para a criação da Pedra Filosofal. Contudo, para fazer a Pedra, era preciso antes entender o livro. Como todos os livros sobre alquimia, esse era quase todo escrito em uma língua propositalmente cifrada. Além disso, os segredos mais profundos não estavam explicados em palavras, mas sim em figuras simbólicas misteriosas. Um determinado desenho, por exemplo, mostrava um deserto repleto de nascentes belíssimas, cheias de serpentes. Um outro retratava um arbusto no alto de uma mon­tanha, cercado de grifos e dragões.
Flamel copiou os desenhos (ninguém, exceto Perenelle, teve acesso ao livro original), mostrou-os a seus colegas e os pendurou em sua loja, na esperança de que alguém pudesse explicar o que significavam. Ninguém conseguiu. Foi provavelmente nessa época que Flamel montou um labo­ratório alquímico e começou a experimentar, baseando seus procedimen­tos nas partes do livro que ele entendia. Mas nada funcionava. A tradição alquímica exigia que aqueles que quisessem aprender “a arte” fossem inicia­dos em seus segredos por um mestre. Então, depois de muitos experimen­tos malsucedidos, Flamel finalmente procurou e encontrou um mestre, que vivia na Espanha. Tendo enfim compreendido os verdadeiros segredos do livro, Flamel voltou para Paris, onde, depois de três anos de trabalho intensivo, atingiu seu objetivo. “Eu joguei a Pedra vermelha em uma por­ção de mercúrio”, escreveu ele, “com Perenelle como única testemunha, e ela foi realmente transmutada em quase a mesma quantidade de ouro.”
Flamel fabricou ouro, disse ele, apenas três vezes. Mas era muito mais do que ele precisava. Ele e Perenelle viveram modestamente e usaram o dinheiro para ajudar os outros. Durante os últimos anos de suas vidas, eles fundaram e sustentaram catorze hospitais, encomendaram monu­mentos religiosos, construíram capelas, pagaram pela manutenção de igrejas e cemitérios e fizeram doações generosas para órfãos e viúvas pobres. Perenelle morreu em 1 397 e Flamel passou seus últimos anos escrevendo sobre alquimia. Ele morreu em 22 de março de 1417 e foi enterrado na Igreja Saint-Jacques la Boucherie, perto de sua casa.
O que aprendemos com a história de Flamel? Ele conseguiu mesmo fazer ouro? Ou será que inventou tudo - o livro antigo, a viagem à Espanha, a Pedra Filosofal? Nossa única fonte de informação é o próprio Flamel. Mas alguns fatos não deixam dúvidas. Nicholas Flamel existiu de verdade, assim como suas doações e boas ações (alguns dos monumen­tos que ele construiu duraram vários séculos), e a história de sua busca alquímica ajudou a manter viva a crença de que a alquimia era uma ciên­cia de verdade e que a Pedra Filosofal podia ser fabricada.
No século XVII, a história de Flamel já tinha virado lenda. Contava-se que, logo após sua morte, saqueadores invadiram sua casa e a revi­raram em busca de ouro. Não encontrando nada, eles abriram o caixão do grande alquimista, esperando encontrar um pedaço da Pedra. Em vez disso, encontraram o caixão vazio - nada de Pedra e nada de Flamel! Disseram então que nem Flamel nem Perenelle haviam morrido real­mente. Eles teriam usado a Pedra para se tornarem imortais. Subitamente dezenas de aparições de Flamel começaram a ser relatadas. Um emissário do rei Luís XIV, por exemplo, dizia que eles estavam morando na índia. Em 1761, eles foram supostamente vistos assistindo a uma apresentação na Ópera de Paris. E, mais recentemente, segundo um boato espalhado pelo próprio Alvo Dumbledore, o casal estava pensando em desistir da imortalidade em troca de um bom e longo descanso.


Pedra Filosofal, 13






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