quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O MANUAL DO BRUXO - ALLAN ZOLA KRONZEK - 65







De certa forma, todos nós sabemos como é se sentir petrificado: ficar possuído por um medo tão grande que você não seja nem mesmo capaz de se mover. Mas, felizmente, nenhum de nós teve a desagradável experiência, vivida por Hermione, de ser literalmente pe­trificado, ou seja, transformado em pedra.



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De certa forma, todos nós sabemos como é se sentir petrificado: ficar possuído por um medo tão grande que você não seja nem mesmo capaz de se mover. Mas, felizmente, nenhum de nós teve a desagradável experiência, vivida por Hermione, de ser literalmente pe­trificado, ou seja, transformado em pedra.
Na mitologia da Grécia antiga, muitos pobres coitados souberam como era ter seus membros endurecidos e imobilizados para sempre. Algumas foram vítimas da Medusa. Seu rosto pavoroso e seu cabelo for­mado por cobras a tornavam tão medonha que qualquer pessoa que olhasse para ela se transformava imediatamente em pedra. A caverna onde vivia era repleta de estátuas de todos aqueles que ousaram se aproximar dela. A Medusa foi morta pelo jovem herói Perseu, que cor­tou sua cabeça olhando apenas para seu reflexo no escudo, evitando, assim, a visão direta e fatal do rosto. Mesmo depois de sua morte, a cabeça da Medusa conservou o poder de Petrificação, e Perseu levou seu troféu consigo em muitas aventuras, tirando-o do saco e erguendo-o sempre que precisava deter seus inimigos.
Mas transformar pessoas em pedra não era, de forma alguma, um prazer reservado apenas à Medusa. A Petrificação também era uma punição aplicada pelos deuses do Olimpo, principalmente a mortais que eles consideravam arrogantes ou desobedientes. O caso mais famoso é o de Níobe, rainha de Tebas, que deixou os deuses furiosos ao se gabar por ter doze filhos enquanto a deusa Leto só tinha dois. Indignados com o insulto dirigido à mãe, os filhos de Leto, Apoio e Artemis, desceram rapidamente dos céus e mataram todos os filhos de Níobe com suas fle­chas. Em desespero, a mãe começou a chorar incontrolavelmente. Caída no chão e imobilizada pela tristeza, foi transformada em uma pedra que estaria eternamente molhada por lágrimas.
A Petrificação também é um tema constante no folclore, principal­mente nos lugares onde formações rochosas incomuns levam as pessoas a reconhecerem seres humanos ou animais em seus contornos. Em uma cidade da Alemanha, onde os penhascos parecem homens (pelo menos para os que têm uma imaginação mais fértil), os habitantes locais con­tam a história de um grupo de anões montanheses que celebravam um casamento quando foram transformados em pedra por um fantasma malvado. Na Escandinávia, dizem que as rochas com formato estranho são os corpos petrificados de trasgos, transformados em pedra quando não conseguiram voltar para seus lares subterrâneos antes que o dia amanhecesse.
No folclore britânico, a Petrificação de pessoas é usada como expli­cação para a existência de centenas de círculos de pedras. Esses monu­mentos misteriosos foram, na verdade, construídos pelos povos pré-históricos do Oeste europeu entre os anos 3000 e 1200 a.C. Em uma lenda local, “Long Meg and Her Daughters”, conta-se que o círculo de pedras em Cumbria, na Inglaterra, era local de um encontro de bruxas que foram transformadas em pedra por um mago que as descobriu. Dizem, também, que um dos círculos de Stanton Drew, em Avon, tam­bém na Inglaterra, contém a noiva, o noivo, os dançarinos e os violi­nistas de uma festa de casamento, todos transformados em pedra pelo Diabo, que participou da comemoração disfarçado.
Os Estados Unidos não possuem monumentos de pedra misteriosos, mas isso não impediu que seus habitantes se interessassem pelas histórias de Petrificação. Durante o século XIX, os jornais americanos publicaram dezenas de notícias sobre a descoberta de corpos humanos petrificados enterrados no solo, sentados em pedregulhos ou mumificados em tron­cos de árvore. Houve até relatos de pessoas que disseram ter visto outras pessoas serem transformadas em pedra diante de seus olhos! Tudo não passou de invenção de jornalistas ambiciosos que precisavam ocupar espaço e entreter seu público ingênuo. O autor de Huckleberry Finn, Mark Twain, escreveu uma história absurdamente exagerada a respeito disso na esperança de mostrar como a idéia era ridícula, mas, para sua grande decepção, isso só piorou a situação, pois seus leitores ficaram ainda mais curiosos sobre o assunto.


Câmara Secreta, 9






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