Acreditava-se
que as salamandras da antiguidade, assim como as que Hagrid leva para a aula de
Trato das Criaturas Mágicas, podiam brincar nas chamas mais quentes sem se
queimar. Diz a lenda que elas não apenas podiam sair ilesas como também sua
pele gelada era capaz de apagar as chamas ao tocá-las.
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A maioria das pessoas vê
a Salamandra como um pequeno anfíbio bonitinho e colorido que pode ser
encontrado em passeios pela floresta. Se você já viu uma, provavelmente parou
um segundo para examiná-la e, então, continuou seu passeio sem pensar duas vezes.
Nos séculos passados, no entanto, essas minúsculas criaturas parecidas com
lagartos causavam quase sempre exclamações de surpresa e de encanto.
Acreditava-se que as salamandras da antigüidade, assim como as que Hagrid leva
para a aula de Trato das Criaturas Mágicas, podiam brincar nas chamas mais
quentes sem se queimar. Diz a lenda que elas não apenas podiam sair ilesas
como também sua pele gelada era capaz de apagar as chamas ao tocá-las.
A resistência ao fogo da
maravilhosa Salamandra era discutida com entusiasmo nas antigas Grécia e Roma.
Em sua História Natural, o escritor romano Plínio o Velho conta que a
valente Salamandra ficava tão animada ao ver chamas que corria a toda
velocidade em direção ao fogo, como se quisesse derrotar um inimigo. Pessoas
de imaginação mais fértil diziam que as salamandras deveriam ser usadas para
apagar o fogo quando uma casa
estivesse em chamas! Outros pensadores antigos, no entanto, tinham uma visão
mais cética em relação a essas idéias e decidiram fazer alguns experimentos. O
médico romano Galeno e outros relataram ter capturado algumas salamandras,
atirado-as ao fogo e assistido enquanto viravam carvão.
Apesar de referências
a vários experimentos como esse, a crença na imunidade da Salamandra ao fogo
foi mantida até o Renascimento, quando um tecido chamado de “lã de Salamandra”,
que diziam ter propriedades contra o fogo, era vendido bem caro. Esse tecido
era usado para fazer roupas para as pessoas que trabalhavam próximas ao fogo,
bem como envelopes para enviar itens preciosos (e inflamáveis). Embora não
exista lã de Salamandra (as salamandras não têm nem pêlo), os que compraram o
tecido tiveram sorte. O material era de fato resistente ao fogo. Ao que
parece, os comerciantes descobriram que poderiam cobrar mais pelo tecido se
dissessem que vinha do lendário “lagarto” e não de sua fonte verdadeira - o
amianto.
Embora a idéia de que as
salamandras sobrevivem ao fogo seja falsa, a origem dessa crença é bastante
clara. As pessoas realmente vêem salamandras andando sobre cinzas. Isso ocorre
porque elas gostam de hibernar em troncos velhos. Quando esses troncos são
jogados nas fogueiras, as salamandras vão junto. Acordadas de forma tão
desagradável, elas conseguem, de vez em quando, escapar das chamas, protegidas
durante um ou dois segundos pela secreção natural de sua pele. Embora esse
feito não tenha nada de milagroso, ele fez com que a Salamandra ganhasse espaço
na imaginação popular, assim como no dicionário: além de ser um anfíbio
pequeno, a Salamandra é um “operário que, nas fundições e nas regiões
petrolíferas, penetra nas caldeiras quentes a fim de consertá-las ou enfrenta
os incêndios dos poços de petróleo para apagá-los” (cf. Dicionário Aurélio).
Prisioneiro de Azkaban, 12
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