Harry tem Edwiges, Hermione tem Bichento e
Neville tem a companhia de seu amado sapo, Trevo. Assim como as corujas e
os gatos, os sapos sempre foram associados a bruxas e bruxos nas
lendas e tradições populares. Apesar de não haver dúvidas de que
Trevo é simpático e inofensivo, a maioria dos sapos tem uma reputação bem
ruim.
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Harry tem Edwiges, Hermione tem Bichento e
Neville tem a companhia de seu amado sapo, Trevo. Assim como as corujas e
os gatos, os sapos sempre foram associados a bruxas e bruxos nas
lendas e tradições populares. Apesar de não haver dúvidas de que
Trevo é simpático e inofensivo, a maioria dos sapos tem uma reputação bem
ruim.
Durante os anos de caça
às bruxas na Inglaterra e na Escócia do século XVI, dizia-se
que as bruxas criavam sapos como seus “familiares”, ou seja, demônios menores
disfarçados de animais que podiam causar todo tipo de mal em nome de suas
donas. Afinal de contas, não é bem mais fácil para um sapo rastejar até o poço
do vizinho e envenenar a água, ou colocar um amuleto do mal debaixo do
travesseiro da vítima? Também havia rumores de que os sapos tinham um papel
importante em cerimônias de iniciação de novas bruxas, que podiam ter que
criá-los ou beijá-los como parte do juramento de lealdade ao Diabo. Além disso,
dizia-se que as bruxas se transformavam em sapos de vez em quando.
Em relatos colhidos em julgamentos de
bruxas, algumas testemunhas afirmavam tê-las visto batizando seus sapos,
vestindo-os com roupas de veludo preto ou escarlate e amarrando pequenos sinos
em suas patas. Tal cuidado mostrava que as bruxas eram bastante apegadas a seus
animais de estimação, e muitas pessoas achavam arriscado machucar um sapo, com
receio de que fosse o companheiro verruguento de uma delas. Há história inglesa
sobre uma senhora idosa que saiu com seus três sapos de estimação, Duke, Dick
e Merryboy, em uma cesta. Quando ela parou para olhar três fazendeiros cortando
o trigo, um dos sapos escapou e pulou, ficando no caminho da Ceifeira. Rindo, o
fazendeiro deixou que a lâmina passasse por cima dele, matando-o. “Vocês vão
ver só!”, gritou a mulher.
“Nenhum de vocês
vai terminar o trabalho de hoje!” Poucos instantes depois, o primeiro
fazendeiro cortou a própria mão com a Ceifeira. Logo depois, o segundo homem
cortou a ponta do sapato. Em seguida, o terceiro abriu um buraco de um lado a
outro de sua bota. Assustados, os fazendeiros fugiram do campo sem terminar o
trabalho do dia.
Segundo
a crença popular, as bruxas vestiam seus animais de
estimação
com pequenos mantos e prendiam sinos em seus calcanhares.
Pelo
visto, esses sapos gostaram de suas roupas de festa.
De acordo com algumas histórias
populares, no entanto, a relação entre bruxas e sapos nem sempre era tão boa.
Qualquer sapo que não tivesse a sorte de ser criado como um animal de estimação
era considerado matéria-prima para preparar poções e lançar feitiços. Para se
livrar de um inimigo, a bruxa batizava um sapo com o nome da pessoa e depois o
matava de uma forma especialmente desagradável. Onde quer que a vítima
estivesse, ela supostamente teria o mesmo destino. Para ficarem invisíveis, as bruxas
aplicavam uma loção para a pele feita de saliva de sapo e seiva de serralha.
PEDRAS-DE-SAPO
Sem dinheiro para comprar um diamante? Que
tal uma pedra-de-sapo? Essas pedras cinza ou marrom-claro podem não
reluzir na luz do sol, mas dizem as lendas que esses objetos mágicos mudam de
cor ou temperatura na presença de veneno. Geralmente usadas em anéis ou outras
jóias, eram bastante populares durante a Idade Média, quando se acreditava que
eram retiradas das cabeças de sapos muito velhos.
Segundo a tradição,
a pedra-de-sapo podia ser retirada da cabeça do animal quando necessário, mas
ele também podia vomitá-la gentilmente se alguém pedisse. Se lhe derem um anel
com pedra, você pode ver se ela é verdadeira ou não colocando-a em frente a um
sapo. Se ele pular para a frente, ela é genuína. Contudo, se ele der as costas
com desprezo, é falsa. Na verdade, todas as pedras-de-sapo são pedras comuns
com uma cor e um formato que lembram vagamente os de um sapo.
Além de servirem como detectores de veneno,
eram tidas como talismãs que ajudavam a encontrar a felicidade perfeita
e a vencer as batalhas. Também eram usadas como amuletos para proteger
casas e barcos. Finalmente, acreditava-se que tinham poder de cura quando
colocadas sobre mordidas ou picadas.
É
provável que a idéia de que os sapos eram ingredientes essenciais em poções
malignas tenha se originado no fato de eles secretarem um veneno brando quando
assustados. Os efeitos desse mecanismo de defesa já foram bastante exagerados,
como fica claro através da afirmação de Aelian, um escritor romano do século III, que
dizia que um gole de vinho misturado
com sangue de sapo causava morte instantânea. Em 1591, um grupo de bruxas
confessas tinha admitido que planejavam envenenar o rei Jaime VI da
Escócia mergulhando uma peça de sua roupa no veneno de uma rã negra. O plano só
falhou, segundo elas, porque não conseguiram uma peça de roupa apropriada.
Contudo, afirmaram que, se fossem bem-sucedidas, o rei teria morrido em extrema
agonia. Não só o rei continuou vivo, como também acabou tornando-se rei da
Inglaterra e escreveu sua Demonologia, um livro que apoiava a caça às
bruxas.
O resultado dessa ligação
antiga entre sapos e bruxaria é que o estar perto demais de sapos foi, durante
muito tempo, considerado arriscado. Até o século XVIII, o
simples olhar desses pequenos anfíbios era considerado perigoso por algumas
pessoas, que acreditavam que ele podia causar desmaios, palpitações e
convulsões. Também diziam que os sapos mordiam o gado e outros animais causando
doenças. Livrar-se dos sapos, contudo, era complicado. Mesmo sem bruxas por
perto, as pessoas hesitavam em matá-los porque achavam que isso causava
temporais. Uma outra idéia seria simplesmente levar as criaturas para outro
lugar. Mas também não era muito aconselhado tocá-las, pois você poderia ficar
cheio de verrugas.
Pedra Filosofal, 6
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